Natureza, Medicina Oriental e o Sistema Honnō de Saúde
A vida é marcada pelo conjunto de espécies em permanente estágio
evolutivo. Apesar de não termos presenciado o “salto evolutivo”
no qual uma espécie tornar-se-ia outra espécie, a teoria de
Darwin é um fator irrefutável no entendimento da vida e de seus
sistemas vivos, desde os ecossistemas aos seres, sendo esses uni
ou pluricelulares.
Na composição do corpo humano podemos encontrar estruturas que
remetem a organismos menos desenvolvidos. Algumas células do
corpo humano reagem da mesma maneira que as bactérias e os
protozoários, na forma de absorver nutrientes, na forma de se
locomoverem etc. As pesquisas inovadoras de Dr. Toru Abo
demonstram a importância dessas estruturas no funcionamento do
sistema imunológico humano, revelando a inteligência inata, com
base no princípio da ordem e holoinformação, com que o corpo
humano utiliza as células do sistema imunológico para eliminar
substâncias tóxicas e se desfazer de tecidos comprometidos,
mantendo um estado permanente de bio-regeneração.
Seguindo este princípio é que o corpo humano consegue se manter
saudável e hígido. Ao sermos acometidos por situações
agressivas, seja por toxinas externas ao organismo (xenotoxinas),
seja por estresse e tensão, nosso organismo é inundado por
substâncias endógenas produzidas pelo organismo com o intuito de
nos manter vivos. Assim, mecanismos de “limpeza” de células
comprometidas, sobretudo da matriz extra-celular são acionados,
fazendo uma varredura em nossos tecidos. Passando-se a situação
estressora, quando estamos relaxados, nosso organismo, então,
aumenta a produção de leucócitos (linfócitos) que farão a
limpeza das substâncias tóxicas.
Todo esse processo de tensão/relaxamento é regulado pelo sistema
nervoso autônomo e acontece em ciclos, assim como o dia e a
noite. O organismo humano se desenvolveu em harmonia com a
natureza, através de ciclos ou ritmos, que ocorrem em sincronia
com o ambiente externo, como variações entre o dia e a noite, o
verão e o inverno, as fases da lua e etc. Todos os seres vivos
apresentam tais ciclos ou ritmos, eles são chamados de
circadianos, quando as mudanças fisiológicas ocorrem em períodos
equivalentes a 24 horas; ultradianos quando ocorrem em períodos
menores e infradianos quando ocorrem em períodos maiores de
tempo, como o ciclo menstrual de 28 dias.
A antiga Medicina Oriental sempre enfatizou respeito à natureza
e às leis do universo como forma do homem gozar de plena saúde e
de conquistar a longevidade. As práticas e terapias de cura da
Medicina Oriental são formas de restabelecer essa sintonia que
todos os seres vivos possuem em relação à dinâmica universal. Se
a natureza do movimento humano não estiver em sincronia com os
movimentos do universo estará estabelecido o desequilíbrio
causador de diversas enfermidades.
Restabelecer o equilíbrio do sistema biorregulatório humano,
unindo o homem à natureza, significar dizer, seu estado natural
de saúde e bem-estar, é o objetivo do
Sistema Oriental Honnō de Saúde. Integrando os conhecimentos da
Medicina Oriental às descobertas e métodos da ciência
contemporânea e à terapia Honnō-Ryohō, é possível levar o
indivíduo a sintonizar seu movimento interno-externo, resgatando
seu próprio equilíbrio.
Através das práticas dos verdadeiros movimentos de cura o
indivíduo pode experimentar estados extraordinários de
consciência, acarretando não apenas a prevenção de doenças, mas
à própria expansão da consciência. O papel do terapeuta, neste
caso, deveria ser de educador e observador e não apenas de
curador, limitando sua intervenção ao mínimo possível, o que
requer do mesmo uma preparação abrangente, sobretudo no que diz
respeito ao discernimento e a capacidade de interagir com o
paciente e consigo mesmo.
Harmonizar a
energia do céu e da terra no próprio corpo, resgatar a
identidade original e a capacidade de auto-organização demonstra
a inteligência inata de bio-regeneração que possuímos. O
autoconhecimento indica nossos limites e, também, nossas
capacidades que nos proporcionam a liberdade que necessitamos
para criar, evoluir e estabelecer identidades, não só como
indivíduos, mas também como sociedades.